Friday 1 May 2009

Manual de como ser estupido...



Esquema bem montado

1 Logo a começar o dia e até ao final da noite, quem vive agarrado à heroína circula no largo da Plameira de Baixo, junto ao 'Bar Fonte da Palmeira'.

2 Ocupam o tempo nas conversas uns com os outros, fumando, tomando o café ou a cerveja, até que chegue a 'mercadoria'.

3 Os carros - das mais variadas marcas, cores e condutores - estacionam perto do Bar. Os condutores trocam breves palavras com o 'chefe'/traficante, recebem o dinheiro vivo, em notas, e arrancam como se nada tivesse acontecido.

4 O traficante, também consumidor, convoca normalmente dois ou três rapazes e acompanha-os ao bêco, lado esquerdo do Bar. É aí que consomem a heroína, num espaço de dez a quinze minutos. E voltam ao largo ou ao Bar, já saciados.

5 Por vezes, consomem a droga na casa desabitada de um emigrante em França. Saltam a varanda, várias vezes ao dia, e alimentam ali o vício como se da sua casa se tratasse.

6 Estão atentos à 'bófia', embora saibam lidar muito bem com as polícias.

7 O movimento de carros que traz a mercadoria é contínuo ao longo do dia. Até cerca das 21h30, o DIÁRIO registou seis viaturas diferentesa efectuar a entrega do tão cobiçado produto. Matrículas à vista de todos.

8 Chegada a noite, e alucinados pela droga, é a vez de desfrutarem do karaoke e da bebida do Bar. A música alta, indiferente ao impacto na vizinhança, mostra a festa que provoca a droga.

9 Alguns regressam a casa, atordoados e saciados. Outros fazem a maratona até a madrugada porque o negócio é rentável.

10 Os nome dos cabecilhas desta rede são falados, mas continuam a lucrar em liberdade, com o argumento judicial da falta de provas materiais. 11 A população, atónita e atada, vê a geração de jovens do Caniçal, até educada na catequese católica, a perder-se no vício sem ter consciência de que é uma caminhada para o abismo sem retorno.

12 Face à impunidade e à indiferença geral, o tráfico e consumo de droga no Caniçal alastram a olhos vistos. É dinheiro fácil que entra e morte certa de tantos outros.

Rosário Martins

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